Friday, December 15, 2006

Tempestade de estrelas cadentes


Não importa que esse temporal esteja só esperando abrirmos nossa janela para inundar tudo. Não importa que o céu se feche, deixando a escuridão como nosso único guia. Mesmo que o vento pareça empurrar para longe os bons ares. Mesmo que eu não veja mais o nosso jardim, e que a janela mostre só o meu reflexo, esboçado, desgastado.
Eu posso sentir, sobre tudo, que uma tempestade de estrelas cadentes passará por nosso teto, e nós faremos silenciosamente todos os nossos pedidos, com as mãos, não só dadas, como atadas; preparando o nosso vôo pelos sonhos mais bonitos. Lá de cima poderemos ver que o nosso jardim resistiu as mais pervesas intempéries; afinal, o amor é o adubo mais puro já permitido existir.

Wednesday, December 13, 2006

Em órbita


Em um quarto opaco, esfumaçado, a luz entra por alguma fresta que, sem querer, eu permiti estar aberta, fornecendo uma claridade nada bem vinda. Tudo fechado, nada em movimento, exceto a fumaça que sobe insistente para o teto e o feixe de luz. Eu deito sobre milhares de idéias, e nenhuma me parece verdadeiramente aproveitável. A força inercial me obriga a permanecer no mesmo lugar, e vai se agigantando a cada passada do relógio. Tão inútil e ausente de qualquer coisa, quanto agora, se fez esse texto. Afinal, arte é traduzir, de alguma forma, um sentimento, e esperar que algum dia, em algum lugar, alguém se reconheça ali. Já adianto: eu sinto preguiça.