Thursday, December 22, 2005

nostalgia

dançou uma nuvem com o vento. lento. num passo apertado, se desfez o movimento. era uma águia voando o azul; agora um esboço embaçado no meu porta-retrato. amanhã vêm o vento, outra vez; trazer e levar o novo, antes do costume, do hábito, do porta-retrato, que não me sai da cabeça. vento lento...

Friday, November 25, 2005

o breve passar das horas

Lacónico o espaço em que se encerra a eternidade de um segundo. Lacónico também essa corrente sem fim, se dividida em partes. Ao passo de agora se mostra um passado distante; não é verdade que somos num todo, apenas fragmentos difusos do tempo de antes? Se o depois ainda não é e o agora é uma imagem do antes, que por sua vez já não existe, então fico tentado a dizer sobre a natureza desse agora. Tentado...

Monday, November 07, 2005

da janela

Uma estrada de tanto percorrer virou tendência. Um lugar de tanto estar virou lar. Uma roupa de tanto usar virou uniforme. Uma frase de tão dita virou chavão. Um pano de tanto hastear virou bandeira. Uma miséria de tão grande tornou paisagem. Um coração de tanto bater virou pedra. Um olho que só vê espelho.

Tuesday, October 25, 2005

compasso do acaso

Por acaso o tempo fechou? Por sinal de quem a vida murchou? Por razão de quê não mais se escutou o grito abafado que meu peito gritou? Grifem a poesia do compasso do silêncio. É simples saber, do tom surdo que bate forte no peito, que o silêncio encerra o compasso da vida e dá luz a um novo compasso, que não se sabe.
Ao acaso o tempo fechou. Podia ter sido pra mim, porque não?

Thursday, October 20, 2005

na simplicidade é que se expulsa os complexos

Monday, August 29, 2005

mas que dia

Flor na lapela, barba feita: dia de festa. Ainda é cedo, luz no alto: dia de trabalho. Suor demais, lusco-fusco: dia de descanço. Mas que dia, dia demais. Deixa a festa pra amanhã.

Friday, July 29, 2005

o tempo

Se amanhã, de repente, o tempo não é mais meu? Se é só seu? Se não é de ninguém? O tempo é de quem, afinal?
O tempo passou e não se viu, ficou e mergulhou nas lágrimas de quem chorou por um tempo que não volta mais.
Eu subi, por besteira, num barco alheio ao tempo e de lá eu vi você na praia, num asceno de volta (pro tempo).
Se não é seu aceno, branquinha, fico por lá.

Thursday, July 28, 2005

disseram-me

Diz-me alguém que o vento não fez tanto estrago assim no telhado, que só arranhou, que não desabou, que muito sobrou. Diz-me alguem que o tempo não é muito (eu sei) mas que é o suficiente. Diz-me que o amor é luz que faz o dia nascer de novo, que faz a noite render-se em prontidão. Diz-me no seu sorriso, que é tudo que vale a pena.

Thursday, February 24, 2005

orbitas orbitais já orbitadas

Acorda, levanta e senta. Assiste. Alienação alienada, provocada por exessiva carência. Talvez essa orbita regular humana, é inspirada nas voltas regulares que o mundo dá. Portanto, se algum filósofo te disser que: ´´o mundo dá voltas``, descarte o aviso, pois nada vai mudar no mundo enquanto sua cabeça acreditar nas voltas que o mundo ainda vai dar. Voltando ao começo: Acorda e levanta! Senta...

Tuesday, January 04, 2005

quando não se diz

´´Tão aberta e tão frágil, que dorme. Muito perto, quase ao lado. Não posso tocar. Se um palmo nos aproxima, um mundo nos separa. Abismos de todas as sortidades se contrapõem. É tão clara a incompatibilidade que ofusca, confunde e cega, mas não deixa de existir. Se eu peco é na vontade!``

Saturday, January 01, 2005

modelos e padrões

Se o natural é despadronizado, talvez esse seja o padrão de todas as coisas. Então deixa mudar e aceita o novo. Pois se renovação é o modelo, parar foge ao que é padrão. E se você segue outra regra que não a natural, você não é.