Monday, February 19, 2007

É sempre carnaval

O festejo desde cedo lá na rua, irrompendo em silêncio suas canções, faz de conta dissimulada alegria; contra o peito: o sorriso nas feições. Caminhando sob a fé da euforia, ora vivas, ora gritos; ora agora. Tão senhora esfarrapada fantasia, alienando com destreza outras questões. Já que cinzas não apagam o ritual, vai desfilando entre os blocos: a miséria, confundida de qualquer alegoria, tão invisível seus efeitos na folia. É fevereiro o ano inteiro, mesmo em janeiro, vamos comemorar, dançar, e assistir aonde vai dar.

Friday, February 16, 2007

Vôo noturno

O espectro dorme, repousado sob a noite. O verde, o azul, o amarelo, se apagam. Os sons ressoam, ecoam, em notável propagação, arranhando a face do silêncio. Algumas luzes solitárias pairam sobre tetos abandonados de vida ativa, e esperam, também, descanso. Uma fazenda, uma lâmpada, aguarda ser ofuscada. Uns pontos (faróis) se direcionam sempre para casa, não importa o quanto se afastem. E eu, voando, em velocidade imensurável, para cinco ou seis filtros, dos quais eu disponho, estou indo em caminho do perfume, do jeito, da fala, da luz, do descanso ao peito, da saudade, inesgotável.

Tuesday, February 13, 2007

Sinfonia nossa

A ternura, tão bem aconchegada no silêncio de sentidos dos seus gestos, não merece ser perturbada por ruído algum que não parta do princípio fundamental do universo de nós dois. Ah, nosso universo, infinitamente extasiante de paisagens, construídas de alguma inefável mágica, química; não se coloca em posição de ser minado por nenhuma melodia, que não da sinfônica composta pelo bater arritimado do peito, acompanhada pela expressão resplandecente dos olhos, e o contorno mecânico formado nos lábios, assim como a gelidão inebriante, espalhada em calafrios, até os pés. Um espetáculo de fábulas, insubstituível por qualquer deleite que não acompanhe a essência desse estado, possível apenas no amor, nosso amor.